O QNOVO PORTUQGES

Marcos Pontes
15/10/2008

O Português, como nós conhecemos na escola, passa agora por mudanças.
Cai um acento aqui, um trema ali, mas nada que resolva aqueles problemas de exceções que sempre ficamos confusos para responder às crianças. “Pai! Por que caça escreve com ç, mas tem som de s, ou ss?” Tenho certeza que você sabe do que estou falando! Essas exceções nos deixam loucos!
Espera aí, ou seria escrito com ss: excessões?
O sábio logo saltaria da cadeira: “De modo algum! Você está pensando em excesso e confundindo com exceção! São coisas distintas, raízes distintas! Exceção é com ç mesmo!”
Você entendeu a dificuldade?
Quando criança eu sempre ficava confuso com essa coisa. Por que falamos de um jeito e escrevemos de duas ou três maneiras diferentes o mesmo som?
Quando me tornei um engenheiro fiquei ainda mais confuso: “Isso não é prático!”
Em todo caso, e voltando às mudanças atuais, por que não criaram uma mudança mais profunda? Algo que pudesse transformar a complexa gramática da nossa língua em alguma coisa mais “cartesiana”, direta, sem exceções, sejam elas com “ç”, ou “ss”, etc.
Talvez até pudéssemos concorrer com o inglês, como a segunda língua mais falada no mundo. Pura simplicidade econômica.
Como seria isso? Bem, o meu raciocínio de engenharia me diz para começar pela fonética. Isto é, não importa a raíz da palavra, apenas a sua fonética. Mais ainda, devemos começar a usar as mudanças imediatamente!
Assim, as regras seriam muito simples quanto à fonética. Na verdade seria apenas uma regra (sem exceção):
Regra única: Só existe uma consoante para representar um som, e um apenas som para cada consoante. Para ficar mais fácil de entender, para aqueles que gostam de matemática: seria uma “função bijetora” entre sons e suas representações (se não me engano, a definição era assim).
Portanto, na aplicação prática dessa regra, augumas consoantes dezapareserão. Não estranhe! Apenas estamos aplikando o ke falamos!
Asim, “k” tem som de k, e o c dezaparese do mapa. S tem som de s. kaem ç e ss. E asim por diante.
Kontinuamos então com a nosa simplifikasão.
Lenbrase dakela istória de m antes de p e b? Ah...asim komo nos sons de m - ke na verdade senpre uzamos o son de n? Deixe para lá. Uze n mesmo!
E kon hespeito ao r. Ele ten diferentes sons tanbén, dependendo se está no meio ou no komeso da palavra. Sinples, uzemos o h para o son de rãa (komo en rato), e o r para o son de r (komo en para).
Já notou ke o qu perdeu lugar para o k? Ok! Não presizamos falar mais diso!
Olhe a sua kara! Se vosê é adolesente, vejo un sohizo de satisfasão. “Minha konversa pela internet estava kuaze coheta!” Se vosê é mais velho...ke kara fexada é esa? Sohia! Akonpanhe as mudansas do tenpo!
OK! Falemos sobre plural e singular. Hegra sinples: koloke s no finau. Ponto!
Nosas mãos estão fikando mais soltas! Konpre un pão, ou dois pãos! Sinples!
Verbos....ai meu Deus! Iso me dá ahepios!
Muitos tenpos, muitas pesoas, todas diferentes! Por kê?
Komesemos por eliminar as koizas ke muito pouka jente uza (pelo menos kohetamente): tu e vós. Para kê?
Asin, tu e vós são substituídos por vosê. Sinples?
Ten mais…
Akaban os verbos ihegulares! Bon não é?
Kuanto a tenpos, ezisten apenas pasado, prezente e futuro. Sin, tanbén fikan o jerúndio e os verbos konpostos (todos segindo as regras bázikas).
Hegra para verbos: prezente termina kon a, pasado termina kon e, futuro termina kon u, jerúndio termina kon ndo, kondisional termina kon ia, partisípio pasado termina kon ado(a). Vale para todas as pesoas ke sobraran! Tudo mais fika no infinitivo!
Tauves iso fazu kon ke noso konportamento sera mais objetivo komo um todo!
Finalmente, nós xega nos asentos!
Eu não gosta de asentos. Eles da muito trabalho. É difícil fikar kolokando eses sinais sobre as letras das sílabas ke deven ser enfatizadas. Portanto, nós iru kriar dois modos de eskrever: o primeiro seru para as pesoas ke saba bastante sobre as palavras da língua; a segunda seru para as pesoas ke saba pouko sobre as palavras da língua.
No primeiro modo, nos nao uzu nenhun asento. No seqgundo qmodo, nos qsenpre quzu o “q” (sen son) qpara enfatiqzar a qsilaba qtonika de qkada paqlavra kon mais de quma qsilaba. Aqsin qkualker peqsoa ke koqnhesa as duas ou tres qhegras qbazikas do qnovo porqtuges qsabu faqlar perfeitamente!

Ufa! Que alívio parar de escrever assim!

Certamente deve haver muitos erros aí atrás, segundo “essa nova gramática”!
Ah...Se você achar esses erros, mande para nós. Obviamente, nós não podemos fazer, e nem faremos, nada a respeito, mas você se sentirá com o ego massageado!
Logicamente não vamos usar uma coisa dessas na nossa língua! Ficaria muito estranho, não é?
Crescemos com uma maneira de escrever para expressar nossas idéias. É difícil mudar tudo de uma hora para outra!
Mas o exercício, embora estranho, é útil para percebermos como os nossos costumes e tradições estão profundamente enraizados na nossa maneira de falar e escrever. Porém...ken sabe un dia, a nosa gramatika nao kabu en uma so folha? Boa diversão!

Marcos Pontes
Colunista, professor e primeiro astronauta profissional lusófono a orbitar o planeta, de família humilde, começou como eletricista aprendiz da RFFSA aos 14 anos, em Bauru (SP), para se tornar oficial aviador da Força Aérea Brasileira (FAB), piloto de caça, instrutor, líder de esquadrilha, engenheiro aeronáutico formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), piloto de testes de aeronaves do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), mestre em Engenharia de Sistemas graduado pela Naval Postgraduate School (NPS USNAVY, Monterey - CA).
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